segunda-feira, 6 de julho de 2015

A que por enquanto


Entre um ponto e uma vírgula,
Entre um sim e um não,
A que por enquanto se encontrava.

Cabelos longos
E uma fé intacta,
Ela movia as montanhas
E as retornava.

Compra o pão
E muda de ideia.

Ela quer plateia,
Quer solidão.

A que por enquanto é um ponto de indecisão.

E decisões,
Todas de uma vez.
O filósofo descreve,
Nela não há sensatez.

Capuz vermelho na cabeça
E um laço verde na mão.

Entre a morte e a esperança,
Ambas lhe soam não tão bem.

Se há lobo ou não,
Não importa.
Não há porta,
Que a faça sair dali.

No fim,
A que por enquanto está dentro de você e de mim.

O amor no verbo ser


O amor é a brisa,
É o canto dos pássaros,
É o silêncio da noite
E o entrelaçar de mãos.

O amor é o mundo,
E quem enxerga a fundo,
Vê que tudo foi criado em intensa paixão.

O amor é você se encantando com a lua,
E a lua, por sua vez, apaixonada pelo mar.

O amor é um relógio quebrado,
Um par de olhares abraçados,
É um eterno convite para dançar.

O amor é o encontro das águas.
O mágico doce com salgado,
Enquanto o rio vai virando mar.

O amor une perfeitamente,
E, discretamente, ele sempre é.
Enquanto o resto simplesmente está.


Tamara Smiderle

A faculdade da dor


Escrever não é profissão,
Não é um hobby
E não é privilégio.

Escrever é uma fuga,
Um esconderijo,
Um alento,
Uma expiação.

Escrever é uma dor,
Uma saudade,
Um desabafo da solidão.

É a saída de emergência quando o dia sufoca,
E nenhum salário pode a "rotinizar".

É o descanso das olheiras,
Dos traumas e das besteiras,
É um poético convite a sonhar.

Mas meu futuro é a engenharia,
Matemática e altimetria,
E todas essas coisas que não se devem entender.

Meu futuro é qualquer coisa
Que me esmague até a sorte,
Que me faça voltar a escrever.




Tamara Smiderle